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Ganhou popularidade nas redes sociais Kwai e Facebook um áudio sem autoria conhecida que afirma ter descriptografado o log das urnas eletrônica e, partir disso, descoberto que milhões de votos foram registrados após as 17h, horário de término da votação. Ainda de acordo com a publicação, isso seria um indício de que as mesárias e mesários teriam votado em nome dos eleitores faltosos.

Segundo o autor do boato, foi possível identificar pelos logs das urnas eletrônicas que, depois desse horário, eleitores que levavam em média 1 minuto e 40 segundos para registrar o voto passaram a votar mais rápido, gastando entre 32 e 35 segundos. Ele também afirma que a lei não permite votar após as 17h, insinuando que depois do encerramento das seções eleitorais, votos teriam sido depositados manualmente, se aproveitando da ausência de eleitores e de problemas de coleta de biometria.

Fato ou Boato?

Todas as afirmações são mentirosas. Isso porque os eleitores que chegaram à seção eleitoral antes das 17h e aguardavam na fila puderam votar normalmente. Nesses casos são distribuídas senhas de acesso ao local de votação para aqueles que esperam a sua vez de exercer o direito de escolha de representantes.  O procedimento está previsto na Resolução TSE nº 23.669, que trata dos atos gerais do processo eleitoral. O normativo determina que o recebimento dos votos termine às cinco da tarde somente se não houver eleitoras ou eleitores presentes na fila.

Além disso, o TSE possui registros bem detalhados com relação à distribuição de votos depositados nas urnas ao longo de faixas horárias dos dias dos pleitos. Segundo a área técnica do Tribunal, no 1º turno das Eleições 2022, 4.047.341 pessoas votaram após as 17h. Os últimos eleitores votaram entre 23h45 e 23h59. No 2º turno deste ano, 31.714 eleitores votaram após as 17h, e os votos foram registrados de 19h15 e 19h29.

Log não foi decodificado

Também é mentira que haja necessidade de decodificar o log da urna eletrônica. Essas informações são públicas e podem ser acessadas por meio do aplicativo e da página Resultados, desenvolvida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Mesários não podem votar pelos eleitores

Apesar de a mesária ou o mesário terem permissão de liberar o equipamento para votação depois de quatro tentativas frustradas de identificação biométrica, eles não podem votar pelo eleitor. Em caso de não reconhecimento das impressões digitais, a única alternativa é a habilitação pelo ano de nascimento – e não pelo leitor biométrico do terminal do mesário.

Só que, para habilitar o voto desta maneira, é imprescindível que haja a presença da eleitora ou eleitor na seção eleitoral, que primeiramente é identificado pelo documento oficial com foto. A liberação só ocorre quando o ano de nascimento informado pelo próprio eleitor coincide com os dados que constam no cadastro eleitoral. Caso haja divergência, a votação não é autorizada.

Ano de nascimento não é informação de fácil acesso

O ano de nascimento não consta no caderno de votação, nem está facilmente acessível para o mesário. Por isso, é necessário que o eleitor compareça às urnas para repassar a informação. Tanto a operação em si quanto a informação de quem liberou o eleitor são registradas no log da urna eletrônica e podem ser consultadas em uma auditoria posterior.

Tempo de votação

Questionamentos sobre o tempo médio de votação no Brasil e no exterior também foram abordados em outros esclarecimentos feitos pela JE. No primeiro turno, o tempo médio entre o início e término da votação foi de 61,81 segundos por eleitor no Brasil, onde a maioria do eleitorado escolheu representantes para os cinco cargos em disputa. Menores intervalos para votar foram verificados no exterior e em seções habilitadas para o voto em trânsito, em situações nas quais eleitores votaram apenas para o cargo de presidente da República. Confira o esclarecimento completo aqui.