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Fragilidades encontradas no sistema eleitoral dos Estados Unidos não se aplicam ao voto eletrônico brasileiro

Tecnologia nacional impede qualquer tentativa de adulteração, pois equipamentos são protegidos por mecanismos sofisticados de criptografia e assinatura digital

Publicado em 22/02/2022 às 11:55, atualizado em 11/03/2024 às 20:48

Fragilidades encontradas no sistema eleitoral dos Estados Unidos não se aplicam ao voto eletrônico brasileiro

Uma reportagem de 2019 sobre a possibilidade de adulteração dos votos contidos nas urnas eletrônicas usadas nos Estados Unidos tem gerado dúvidas com relação à segurança do sistema de votação brasileiro.

Com a intenção de dar a entender que as eleições brasileiras poderiam ser manipuladas, as publicações reproduziam uma reportagem feita em 2019 por uma emissora de televisão sobre os aparelhos produzidos pela Election Systems & Software, principal fabricante das urnas que são utilizadas naquele país.

A matéria reproduzida na fake também dizia que a empresa que produz as urnas eletrônicas americanas passou a vender somente máquinas que permitem a impressão dos votos para confirmação do resultado produzido pelos aparelhos. 

Fato ou Boato?

O vídeo é verdadeiro, mas está completamente fora de contexto. De início, é importante saber que empresa mostrada na reportagem não fornece urnas para o Brasil e que não é possível comparar o sistema norte-americano com o brasileiro, uma vez que os dois operam de formas distintas.

No Brasil, os programas utilizados na urna eletrônica nacional são assinados digitalmente e lacrados em uma cerimônia pública. A assinatura digital é uma tecnologia que impede a adulteração dos programas e também serve de barreira para evitar que o equipamento seja infectado por softwares maliciosos. Uma invasão hacker também é uma hipótese improvável, pois a urna brasileira é um dispositivo isolado, sem conexão com a internet.

Essa é a garantia de que só rodam dentro da urna nacional os programas desenvolvidos pela Justiça Eleitoral e lacrados em cerimônia pública, que contam com a presença de diversas entidades como Polícia Federal, Ministério Público e partidos políticos, por exemplo.

Simulação de fraude não teria êxito em urna brasileira

Os testes feitos nas urnas norte-americanas não teriam êxito se fossem aplicados nos equipamentos do Brasil. Isso porque, diante de qualquer tentativa de fraude, a urna brasileira realiza um batimento automático dos dados e simplesmente deixa de funcionar ao verificar qualquer inconsistência nos códigos.

Impressão viola sigilo do voto

Atendendo às determinações legais – que sofreram modificações ao longo do tempo –, o TSE realizou diversos testes para a implantação do módulo impressor do voto no Brasil. O primeiro deles ocorreu durante as Eleições Gerais de 2002.

Confira o esclarecimento em vídeo produzido pela TV TSE.

Contudo, além do alto custo de instalação, o sistema apresentou diversos erros devido à natureza mecânica do processo de impressão. As falhas encontradas não só atrasaram a votação nas seções eleitorais, como também violaram o sigilo do voto, por conta da necessidade de intervenção humana para resolver problemas de travamento das impressoras. Na época, o procedimento despertou pouca curiosidade dos eleitores, que saíram do local de votação sem confirmar o voto impresso.

Além disso, em setembro de 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucional a impressão do voto por colocar em risco o sigilo e a liberdade do voto. Para ligar uma impressora à urna, segundo o relator do tema, ministro Gilmar Mendes, que já presidiu o TSE, seria necessário que esta fosse à prova de intervenções humanas. Caso contrário, em vez de aumentar a segurança, seria instrumento de fraudes e violação do sigilo do voto. Ele também ressaltou os riscos de manipulação das impressões, como acréscimos, cancelamentos ou registros de votos-fantasmas.

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