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Influenciador português mente ao afirmar que urna eletrônica brasileira foi hackeada nos Estados Unidos
Homem repete notícia falsa já desmentida pelo TSE e agências especializadas em checagem de fatos
Publicado em 25/04/2024 às 21:05, atualizado em 08/08/2024 às 16:27
Conteúdo analisado:
Circula nas redes sociais um post que reproduz uma fala de um influenciador português gravada durante uma audiência pública do Senado Federal. No trecho que viralizou na internet, ele afirma que uma emissora de televisão informou em 2019 que uma convenção de hackers realizada em Las Vegas, nos Estados Unidos, comprovou que as urnas eletrônicas brasileiras podiam ser invadidas.
Na mesma gravação, ele diz ainda que o sistema eletrônico de votação é utilizado somente por países de terceiro mundo.
Por que é boato?
O encontro de hackers citado pelo influenciador se chama Defcon, considerado a mais tradicional conferência de hackers do mundo. A edição que ele se refere foi realizada em 2017, mas, em nenhum momento, a urna eletrônica brasileira foi hackeada.
Na reportagem original mencionada pelo homem, a emissora de televisão informava que as urnas norte-americanas foram invadidas durante o evento. Inclusive, dois técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) participaram daquela edição do Defcon para conferir o trabalho dos especialistas que tentavam atacar os modelos de urnas usadas nos Estados Unidos.
Ou seja, em nenhum momento os equipamentos brasileiros foram submetidos aos testes realizados durante a conferência. Os servidores do TSE também aproveitaram a oportunidade para observar a organização do encontro e coletar experiências para aprimorar o Teste Público de Segurança da Urna (TPS), uma espécie de versão brasileira da Defcon, realizada pelo Tribunal desde 2009 preferencialmente em anos não eleitorais, a fim de aprimorar os sistemas para as próximas eleições.
Vale lembrar que não é possível comparar o sistema norte-americano com o brasileiro, uma vez que os dois operam de formas distintas. Uma invasão hacker também é uma hipótese improvável, pois a urna brasileira é um dispositivo isolado, sem conexão com a internet.
No Brasil, os programas utilizados na urna eletrônica nacional são assinados digitalmente e lacrados em uma cerimônia pública. A assinatura digital é uma tecnologia que impede a adulteração dos programas e também serve de barreira para evitar que o equipamento seja infectado por softwares maliciosos.
Essa é a garantia de que só rodam dentro da urna nacional os programas desenvolvidos pela Justiça Eleitoral e lacrados em cerimônia pública, que contam com a presença de diversas entidades como Polícia Federal, Ministério Público e partidos políticos, por exemplo.
Isso é, inclusive, verificado na data da eleição, quando são realizados Testes de Autenticidade em equipamentos sorteados. O objetivo é atestar que a urna eletrônica de qualquer lugar do Brasil funciona da mesma forma e possui os mesmos programas, assinados e lacrados digitalmente.
Mais de 30 países utilizam voto eletrônico
Dados do Instituto Internacional para a Democracia e a Assistência Eleitoral (IDEA Internacional) apontam que mais de 30 países utilizam sistema eletrônico de votação, em diferentes escalas. A lista inclui nações de sólida tradição democrática, como Suíça, Canadá, Austrália e parte dos Estados Unidos, que adota sistemas eletrônicos em apenas alguns estados. Na América Latina, Peru e México também fazem uso do sistema eletrônico. Na Ásia, além de Japão e Coréia do Sul, há o exemplo da Índia, que usa urnas eletrônicas semelhantes à brasileira, mas adaptadas à realidade eleitoral local.
Ainda segundo o IDEA, 17 países adotam máquinas de votação eletrônica de gravação direta, o que significa que não utilizam cédulas de papel no registro dos votos.
Teste da Urna
Desde 2009, o TSE convida especialistas em tecnologia para tentar burlar as barreiras de proteção da urna eletrônica e dos sistemas a ela vinculados. Qualquer brasileiro com mais de 18 anos pode se inscrever para participar. A ideia do TPS é verificar se há alguma vulnerabilidade que possa comprometer a segurança do processo eleitoral brasileiro. Caso alguma fragilidade seja identificada, ela é corrigida e novamente testada pelos participantes antes da realização do pleito.
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